O pró-labore é um termo frequentemente utilizado no universo empresarial e contábil, referindo-se à remuneração dos sócios-administradores de uma empresa. Diferente dos salários convencionais pagos a empregados, ele não possui os mesmos encargos trabalhistas, mas está sujeito à tributação específica e contribuições previdenciárias.
Definir, calcular e controlar esse rendimento de forma inteligente é crucial para manter a saúde financeira da empresa e garantir que os sócios sejam justamente compensados pelo seu trabalho.
Neste contexto, é essencial compreender as melhores práticas para a gestão desse tipo de remuneração, de modo a equilibrar os interesses pessoais dos sócios com as necessidades da empresa.
O que é pró-labore?
O pró-labore é uma remuneração paga aos sócios ou titulares de empresas, especialmente Sociedades Limitadas e Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada (EIRELI), como compensação pelo trabalho realizado na gestão dos negócios. É uma forma de remuneração específica para empresários e difere do salário convencional pago a empregados.
A principal diferença entre pró-labore e salário é que o primeiro é uma retirada dos lucros da empresa, enquanto o salário é um custo operacional. Os sócios não têm vínculo empregatício com a empresa, portanto, não recebem salário, mas sim uma parcela dos lucros.
Apenas sócios, titulares ou administradores de empresas têm direito a recebê-lo. Ele é destinado a remunerar o trabalho daqueles que efetivamente participam da gestão e das atividades da empresa. Funcionários contratados pela empresa, mesmo que ocupem cargos de liderança, não o recebem, e sim salário convencional.
Como definir o valor do pró-labore?
A definição do valor impacta diretamente os resultados financeiros da empresa e a remuneração dos sócios. Existem diversos fatores que devem ser considerados para determinar um valor adequado e justo.
Critérios para determinar o valor do pró-labore:
- Remuneração de mercado para cargos e funções equivalentes
- Qualificações e experiência profissional dos sócios
- Responsabilidades e atribuições dentro da empresa
- Desempenho e resultados alcançados pela empresa
- Capacidade financeira e lucratividade da empresa
Com base nas informações, procure definir um valor maior que o pago pela mesma função, na CLT, cerca de 20 a 30% a mais. Essa porcentagem é uma forma de compensar a falta dos encargos trabalhistas.
Fatores que influenciam o valor:
- Funções exercidas e carga horária dedicada
- Setor de atuação e condições de mercado
- Obrigações fiscais e previdenciárias
- Objetivos de crescimento e expansão da empresa
Melhores práticas:
- Realizar pesquisas de mercado para benchmarking salarial
- Estabelecer critérios claros e objetivos para a definição do valor
- Revisar periodicamente o valor, alinhado ao desempenho da empresa
- Buscar assessoria contábil e jurídica para cumprir obrigações legais
- Equilibrar a remuneração dos sócios com a saúde financeira da empresa
- Documentar e registrar formalmente as decisões sobre o pró-labore
Definir um valor justo e adequado é fundamental para atrair e reter talentos, incentivar o comprometimento dos sócios e garantir a sustentabilidade financeira do negócio a longo prazo.
Leia também: Lucro Real: O que é, qual a base tributável e qual a diferença de lucro presumido
Quai impostos incidem sobre o pró-labore?
Essa remuneração está sujeita a alguns impostos. É fundamental compreender quais são esses tributos e como calculá-los corretamente para evitar problemas com o Fisco.
Um deles é o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). O valor do pró-labore é considerado rendimento tributável e, portanto, deve ser declarado anualmente no Imposto de Renda. As alíquotas variam conforme a faixa de renda, progressivamente conforme a tabela da Receita Federal.
Ele também está sujeito à cobrança de contribuição para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Como é recebido pelos sócios e administradores de empresas, essa remuneração é considerada rendimento do trabalho e, portanto, incide contribuição previdenciária.
A contribuição previdenciária paga pela empresa é calculada aplicando-se a alíquota de 20% sobre a parcela do pró-labore que exceder o teto previdenciário, atualmente em R$ 7.786,02 (valor de 2024). Já no valor retido do sócio sobre a parcela até o teto, a alíquota é de 11%.
No entanto, há uma exceção para os sócios-quotistas de empresas optantes pelo Simples Nacional. Nesse caso, ele não sofre a incidência de contribuição previdenciária, pois o recolhimento é feito de forma unificada no âmbito do Simples Nacional. Porém, continua sujeito ao Imposto de Renda na fonte.
Gerenciamento do Pró-Labore com Controle Financeiro
O controle financeiro é fundamental para seu gerenciamento eficiente. Ter uma visão clara dos valores recebidos, despesas e obrigações tributárias ajuda a evitar problemas futuros e a manter as finanças da empresa em ordem.
Importância do Controle Financeiro
Um bom controle financeiro permite:
- Acompanhar a entrada e saída de recursos
- Planejar o pagamento de impostos e obrigações
- Evitar multas e penalidades por atrasos
- Obter uma visão geral da saúde financeira da empresa
- Tomar decisões embasadas em dados reais
Dicas para Gerenciar o Pró-Labore
- Separe as contas pessoais das contas da empresa
- Mantenha registros detalhados de todas as movimentações
- Defina um valor fixo mensal para o pró-labore
- Programe o pagamento de impostos e obrigações
- Revise periodicamente os valores e ajuste conforme necessário
Softwares e Ferramentas Úteis
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Contabilização do Pró-Labore
A contabilização correta é essencial para o cumprimento das obrigações fiscais e a manutenção de registros financeiros precisos para a empresa. O lançamento contábil do pró-labore segue as mesmas regras aplicadas aos salários e remunerações de funcionários.
Ele é lançado como uma despesa operacional no Livro Diário e na Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), reduzindo o lucro tributável da empresa. Além disso, ele também influencia o Balanço Patrimonial da empresa. O valor a pagar é registrado no passivo circulante como uma obrigação a ser quitada. Após o pagamento, o valor é baixado do passivo e impacta o fluxo de caixa da empresa.
Os lançamentos podem ser lançados da seguinte forma:
Da contabilização do Pró Labore:
Debite — Pro-labore (resultado)
Credite — Pro-Labore a pagar (passivo)
Dos descontos sobre o Pró-labore
Debite — Pro-Labore a pagar (passivo)
Credite — INSS a Recolher (passivo)
Debite — Pro-Labore a pagar (passivo)
Credite— IRF s/Folha a Recolher (passivo)
É importante manter registros detalhados dos valores pagos a cada sócio, bem como os impostos retidos na fonte e as contribuições previdenciárias. Esses registros são essenciais para a preparação das demonstrações financeiras e para fins de conformidade fiscal e trabalhista.
Leia também: DASN SIMEI: O que é e como fazer
Planejamento tributário
O planejamento tributário é uma etapa crucial para otimizar a tributação do pró-labore e maximizar os ganhos financeiros. Existem várias estratégias que podem ser adotadas, considerando a situação específica da empresa e dos sócios.
Uma das principais estratégias é a definição adequada de seu valor. Embora seja tentador estabelecer um valor elevado para aproveitar a tributação mais vantajosa, é importante encontrar um equilíbrio entre a economia de impostos e a manutenção de uma remuneração coerente com as responsabilidades e o mercado de trabalho.
Outra abordagem é avaliar a possibilidade de distribuir lucros aos sócios em vez de aumentar o pró-labore. Dependendo da estrutura societária e do regime tributário adotado, a distribuição de lucros pode ser mais vantajosa do ponto de vista fiscal.
Além disso, é fundamental analisar a situação previdenciária dos sócios. Em alguns casos, pode ser benéfico optar por recolher contribuições previdenciárias sobre a remuneração, garantindo direitos trabalhistas e previdenciários futuros.
É importante ressaltar que o planejamento tributário deve ser realizado de forma lícita e ética, respeitando as normas legais vigentes e evitando práticas de evasão fiscal. A orientação de profissionais especializados, como contadores e advogados tributaristas, pode garantir a conformidade legal e maximizar os benefícios financeiros de forma responsável.
Conclusão
Gerenciar o pró-labore de forma eficiente é uma habilidade vital para qualquer empresário ou sócio-administrador. Ao entender os aspectos legais, tributários e administrativos envolvidos, é possível definir um valor justo e competitivo, que reflita adequadamente a contribuição dos sócios para o sucesso da empresa.
Além disso, a implementação de um controle rigoroso e transparente ajuda a evitar problemas fiscais e a garantir a sustentabilidade financeira do negócio. Em resumo, com um gerenciamento inteligente não só recompensa os sócios de maneira justa, mas também contribui para a estabilidade e o crescimento contínuo da empresa.
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