Definir o pró-labore é um passo essencial para quem atua como MEI e deseja manter um salário estável sem comprometer a saúde financeira do negócio. Mais do que uma retirada mensal, ele representa organização, disciplina e a separação clara entre o que é renda pessoal e o que pertence à empresa.
Quando bem calculado, o pró-labore garante previsibilidade, protege o capital de giro e ajuda a planejar o crescimento com segurança.
Tudo sobre Controle Financeiro para MEIBaixe o e-book e saiba mais sobre este assuntoE-book GratuitoO que é pró-labore e como ele difere do lucro
O pró-labore é a forma de remunerar o sócio ou proprietário pelo trabalho realizado na gestão, ou operação da empresa, de maneira semelhante a um salário.
Já o lucro é o valor que sobra após o pagamento de todas as despesas, impostos e do próprio pró-labore.
Separar pró-labore e lucro é fundamental para:
- Garantir sustentabilidade da empresa.
- Evitar uso do capital de giro como salário.
- Facilitar gestão fiscal e contábil.
Saiba mais no artigo Pró-labore: o guia para entender e gerenciar
Passos para calcular e garantir seu pró-labore como MEI
Para facilitar o entendimento vamos acompanhar a Júlia, doceira MEI. Ela vende por encomendas e aplicativos. Seus números médios dos últimos três meses são próximos de R$ 6.000 de faturamento. O objetivo é sair da retirada aleatória de caixa e estabelecer um pró-labore que caiba no fluxo do negócio.
Passo 1. Levante seu faturamento real
O primeiro movimento é entender quanto o negócio gera de forma consistente. Para isso:
- Some todas as vendas do mês por canal. Considere o valor bruto, antes de qualquer desconto.
- Exclua vendas canceladas e devoluções.
- Calcule o faturamento médio dos últimos três a seis meses e, se houver sazonalidade marcada, amplie o período para doze meses.
No caso da Júlia, a média calculada a partir de R$ 6.300, R$ 5.700 e R$ 6.000 foi de R$ 6.000, valor que irá definir seu ponto de partida para o pró-labore.
Importante:Faturamento não é recebimento. Cartão e aplicativos podem pagar em datas diferentes. O faturamento deve ser registrado no mês em que a venda foi realizada.
Passo 2. Desconte custos fixos e variáveis
Agora, descubra quanto custa operar sua atividade. Para isso identifique tudo aquilo que entra:
- Custos fixos: aluguel, internet, contador, softwares e energia básica para manter o negócio em funcionamento.
- Custos variáveis: matéria-prima, embalagens, frete, comissões, taxas de plataforma e maquininha.
- Impostos: DAS do MEI, pago mensalmente em valor fixo.
Simulação do caso da Júlia:
- Seus custos fixos mensais, como aluguel e serviços essenciais, somam R$ 1.200.
- Já os custos variáveis, que incluem matéria-prima e frete, totalizam R$ 1.000.
- O DAS, imposto mensal do MEI, é de R$ 70.
- No total, suas despesas mensais chegam a R$ 2.270.
Boas práticas:
- Não inclua pró-labore nesta conta. Ele será definido depois da análise do negócio.
- Separe taxas de venda por canal. Isso ajuda a identificar onde o lucro é maior.
Leia também: Custos Fixos e Variáveis: o Guia Completo para Empreendedores
Passo 3. Defina uma margem de segurança
A reserva funciona como um colchão para meses de menor demanda. Para definir sua margem:
- Reserve de 5% a 10% do faturamento até acumular ao menos um mês de pró-labore em caixa.
- Negócios com forte sazonalidade precisam de uma reserva mais robusta para enfrentar períodos de baixa receita.
Cálculo da Júlia:
Ela decide reservar 8% do seu faturamento de R$ 6.000, o que resulta em R$ 480 por mês. O objetivo de curto prazo é acumular o suficiente para cobrir um mês de pró-labore na conta da empresa, garantindo mais segurança financeira.
Erros comuns:
- Ignorar sazonalidade e retirar o máximo possível em meses bons.
- Tratar a reserva como sobra. Ela é um custo estratégico.
Passo 4. Calcule o pró-labore
A partir desse cálculo, chegamos ao valor seguro para o pagamento mensal. Veja a seguir como essa prática se aplica ao caso de Júlia:
Fórmula prática:
Pró-labore = Faturamento médio − Despesas totais − Reserva
Aplicando o cálculo à realidade de Júlia:
Ela tem um faturamento de R$ 6.000. Após descontar R$ 2.270 em despesas fixas e variáveis e R$ 480 para a reserva, o valor restante para o pró-labore é R$ 3.250.
Teste de Estresse:
O teste de estresse simula uma situação onde o faturamento da empresa diminui em 20%, o que é uma prática comum para analisar a viabilidade financeira do negócio em um mês fraco. Logo, temos:
- Novo Faturamento Teórico: R$ 4.800 (20% a menos do que o valor original)
- Custos fixos: R$ 1.200 (valor constante, não muda com o faturamento)
- Custos variáveis (proporcionais): R$ 800 (reduzidos proporcionalmente ao faturamento menor)
- DAS (imposto do MEI): R$ 70
- Reserva de 8%, sobre o faturamento de R$ 4.800: R$ 384
Saldo para o pró-labore no mês fraco:
R$ 4.800 − R$ 1.200 − R$ 800 − R$ 70 − R$ 384 = R$ 2.346
Decisão financeira:
A definição de um pró-labore base de R$ 2.300 é uma estratégia prudente, pois fica ligeiramente abaixo de R$ 2.346. Assim, é possível manter previsibilidade financeira sem comprometer o fluxo de caixa, ajustando as retiradas conforme a saúde financeira do negócio.
Nos meses em que o faturamento for mais alto, a distribuição de lucros pode complementar o pró-labore até R$ 3.250, cenário ideal que mantém previsibilidade e saúde financeira.
Rotina sugerida:
Estabilidade financeira começa com regularidade. Uma rotina clara para o pró-labore evita surpresas no caixa e mantém as contas da empresa organizadas.
- Determine um dia fixo para transferência do pró-labore para sua conta pessoal.
- Faça uma revisão trimestral do valor com base nos relatórios.
- Utilize a reserva apenas para cobrir meses abaixo da média, e reponha no mês seguinte.
No Contas Online você pode companhar o faturamento médio, as despesas e a meta de reserva em relatórios. Revise o pró-labore usando informações concretas, e não estimativas.
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Checklist rápido para organizar seu pró-labore
- Calcule o faturamento médio considerando um período que reflita a realidade do seu negócio.
- Mapeie e atualize todas as despesas fixas e variáveis.
- Planeje e assegure a manutenção da reserva para cobrir imprevistos.
- Estabeleça um pró-labore base compatível com o cenário do teste de estresse.
- Implemente uma política de complementos via distribuição de lucros, condicionada ao alcance das metas de caixa.
Garantindo a regularidade do pró-labore
Mais do que calcular um valor, é necessário criar um sistema que assegure o pagamento mensal do pró-labore sem afetar a saúde financeira da empresa.
- Agende seu pagamento
Escolha uma data fixa para transferir o valor para a conta pessoal e trate-a como compromisso inadiável. - Não misture finanças
Manter contas separadas evita confusões e garante clareza na gestão do caixa e na definição do pró-labore. - Tenha um fundo de segurança
Utilize a reserva para cobrir meses de menor receita, sempre priorizando sua recomposição. - Decida com base em dados
Use relatórios para acompanhar o desempenho e ajustar o pró-labore de acordo com a realidade financeira do negócio.
Leia também: Como separar finanças pessoais e empresariais?
Controle financeiro: a base para um pró-labore seguro
Um pró-labore consistente nasce de um acompanhamento financeiro rigoroso. Sem dados confiáveis, corre-se o risco de retirar mais do que o negócio pode pagar, comprometendo sua estabilidade.
O Contas Online ajuda você a:
- Organizar receitas e despesas de forma clara e categorizada.
- Visualizar relatórios precisos para tomar decisões embasadas.
- Planejar metas de caixa e reserva, protegendo seu pró-labore em meses de baixa.
Com esse controle, você assegura que o pagamento será feito sem comprometer o caixa.
Conclusão
Definir seu pró-labore como MEI é mais do que estabelecer um salário, é criar um sistema de gestão que assegura equilíbrio financeiro e separa de forma saudável as finanças pessoais das empresariais.
Ao aplicar o cálculo correto, manter disciplina e contar com ferramentas como o Contas Online, você transforma o pró-labore em um aliado para crescer com segurança e previsibilidade.
