A proposta de revisão do FGTS tem sido um dos assuntos mais comentados entre os trabalhadores brasileiros. Com a possibilidade de correção dos valores depositados nas contas do Fundo de Garantia, muitos se perguntam se têm direito à revisão e como essa mudança pode impactar suas finanças.
De acordo com a Agência Brasil, o número de empregados com carteira assinada atingiu cerca de 38 milhões no país, em fevereiro de 2024. Assim, notamos a importância e o impacto que a revisão do FGTS terá não só na vida de cada brasileiro, como na economia do país inteiro.
Então, se você é trabalhador com carteira assinada e quer entender mais sobre o tema, este artigo foi feito para você! Vamos explicar tudo de forma clara e informativa, abordando quem pode solicitar a revisão, como fazer isso e quais impactos esperar.
O que é a revisão do FGTS?
A revisão do FGTS é um processo judicial que busca corrigir a forma como os depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço foram atualizados ao longo dos anos.
O FGTS foi criado para garantir uma reserva financeira ao trabalhador em casos específicos, como demissão sem justa causa, compra da casa própria ou aposentadoria. As empresas depositam mensalmente 8% do salário bruto do trabalhador em uma conta vinculada ao FGTS.
O problema é que, desde 1999, a Taxa Referencial (TR) é utilizada como índice de correção do saldo das contas. No entanto, a TR tem se mantido próxima de zero por muitos anos, fazendo com que o dinheiro depositado no FGTS perdesse poder de compra.
A revisão busca substituir a TR por outro índice mais vantajoso, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acompanham a inflação.
Quem tem direito à revisão retroativa?
A revisão pode beneficiar todos os trabalhadores que tiveram saldo no FGTS a partir de 1999. Isso inclui não apenas quem ainda está empregado, mas também aqueles que já sacaram parte ou a totalidade do fundo, como em casos de:
- Demissão sem justa causa
- Aposentadoria
- Doenças graves
- Compra de imóvel
Mesmo que o saldo do FGTS já tenha sido retirado, o direito à correção retroativa permanece, já que a revisão diz respeito ao valor que deveria ter sido corretamente atualizado ao longo dos anos. Assim, se você tinha conta vinculada ao FGTS em algum momento após 1999, pode ser elegível para a revisão.
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Como vai funcionar a correção dos valores?
Caso a justiça decida pela substituição da TR por um índice de inflação, como o INPC ou IPCA, os valores das contas do FGTS desde 1999 até hoje serão corrigidos retroativamente. A diferença entre o que foi efetivamente corrigido com a TR e o que seria atualizado por um índice mais vantajoso pode ser significativa.
Exemplo Prático de Correção
Imagine que você tinha R$10.000 no FGTS em 2005. Com a TR próxima de 0%, esse valor não acompanhou a inflação ao longo dos anos. Se o IPCA tivesse sido aplicado, esses R$10.000 poderiam valer bem mais hoje, levando em conta as variações inflacionárias. Assim, ao realizar a revisão, você teria direito a receber essa diferença retroativa, garantindo o real valor de compra do seu dinheiro.
Como solicitar a revisão do FGTS?
A revisão do FGTS deve ser solicitada por meio de ação judicial. Atualmente, os trabalhadores podem recorrer à justiça de forma individual ou coletiva, através de sindicatos. Confira abaixo o passo a passo para pedir a revisão:
Passo a passo para solicitar a revisão:
- Consultar o Extrato do FGTS: O primeiro passo é verificar o saldo das suas contas do FGTS desde 1999. Isso pode ser feito pelo app FGTS, no site da Caixa Econômica Federal, ou em uma agência da Caixa.
- Procurar um Advogado Especializado: É recomendável buscar orientação jurídica para saber se vale a pena entrar com a ação. Advogados especializados em direito trabalhista ou previdenciário podem ajudar na análise e no cálculo das diferenças de correção.
- Entrar com a Ação Judicial: Com a ajuda de um advogado ou através de sindicatos, você poderá ingressar com a ação na Justiça Federal ou na Justiça do Trabalho. Em alguns casos, ações coletivas organizadas por sindicatos podem ser mais vantajosas.
- Aguardar a Decisão Judicial: É importante lembrar que a decisão final sobre a revisão ainda está em discussão nos tribunais superiores, e o tempo para receber os valores corrigidos pode variar.
Impactos na economia do país
A revisão do FGTS é um tema que tem gerado grande expectativa, e o Supremo Tribunal Federal (STF) é o responsável pela decisão final. Até o momento, o julgamento foi adiado algumas vezes, o que tem gerado ansiedade entre os trabalhadores. No entanto, espera-se que a definição ocorra em breve, pois o tema envolve milhões de pessoas e valores significativos.
Impactos na economia brasileira
Caso a revisão seja aprovada, haverá um impacto direto nas contas públicas e na economia. Veja alguns possíveis efeitos:
- Maior poder de compra dos trabalhadores: Quem receber a correção terá uma injeção extra de dinheiro, o que pode estimular o consumo.
- Impacto no caixa do governo e da Caixa Econômica Federal: Como os recursos do FGTS são utilizados para financiar obras de infraestrutura e programas habitacionais, a revisão pode diminuir a capacidade de investimento público.
- Mudança na política econômica: O governo poderá ter que adotar novas estratégias para equilibrar as finanças, já que o pagamento da correção pode afetar o orçamento público.
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Conclusão
A revisão do FGTS é uma oportunidade importante para os trabalhadores recuperarem o valor real dos depósitos feitos ao longo dos anos. Se aprovada, essa medida representará uma correção de uma injustiça econômica que prejudicou milhões de brasileiros.
Para quem trabalhou com carteira assinada a partir de 1999, é essencial acompanhar as atualizações sobre o julgamento no STF e, se for o caso, buscar orientação jurídica para garantir o seu direito.
Embora o processo judicial possa levar algum tempo, vale a pena ficar atento às novidades, pois a revisão pode representar uma quantia significativa no bolso dos trabalhadores. Além disso, compreender como essa mudança impactará a economia é essencial para que todos — trabalhadores, empreendedores e governo — possam se preparar para os novos cenários.