Hipoteca: saiba as principais dúvidas sobre financiamento imobiliário

A hipoteca é um dos direitos reais de garantia, sendo uma forma de assegurar o cumprimento de uma obrigação por meio de um bem imóvel. Destacam-se as hipotecas convencional, legal e judicial.

Redator(a) Stefany Ribeiro Por Stefany Ribeiro
27.06.2024
15 minutos de leitura
Hipoteca: guia completo para entender como funciona

A hipoteca é amplamente utilizada para possibilitar a compra de imóveis residenciais ou comerciais, uma vez que poucos têm recursos suficientes para pagar à vista. Através dela, é possível adquirir uma propriedade pagando apenas uma entrada inicial e quitando o restante do valor em prestações mensais ao longo de vários anos.

Conforme a Análise do Mercado de Crédito Imobiliário no Brasil, realizado pela Mordor Intelligence, em 2022 o mercado de hipotecas brasileiro atingiu 720 bilhões em empréstimos imobiliários pendentes, cerca de 10% do PIB. Mesmo com a tentativa do Banco Central de conter a inflação aumentando a Taxa Selic, o crédito de habitação aumentou 18% nesse período.

Já este ano, com a Selic em queda, e o apoio de políticas governamentais, como Minha Casa, Minha Vida (MCMV) — que teve um aumento no valor máximo do imóvel indo para R$350 mil —, é esperado um considerável crescimento do mercado imobiliário, como demonstra a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). 

Segundo o Informe dos Indicadores do Registro Imobiliário de fevereiro de 2024, realizado pela FIPE, nos últimos 12 meses houve mais de 110 mil registros de alienação fiduciária, uma variação de 3,9%, isso apenas em São Paulo. Logo, o crescimento do mercado imobiliário, implica também no aumento dos contratos de financiamentos e empréstimos. 

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O que é uma hipoteca?

A hipoteca é uma modalidade de crédito específica para a compra de um imóvel, seja casa, apartamento ou terreno. É um empréstimo de longo prazo, geralmente com prazos que variam de 15 a 30 anos, no qual o imóvel adquirido fica como garantia para o banco ou instituição financeira que concede o financiamento.

A principal diferença entre uma hipoteca e um empréstimo convencional é que, na primeira, o imóvel comprado fica como garantia do pagamento do empréstimo. Isso significa que, caso o mutuário (pessoa que toma o empréstimo) não consiga quitar as parcelas, o banco ou credor pode tomar posse do imóvel para recuperar o valor devido.

Como funciona a hipoteca?

O processo de obtenção de uma hipoteca geralmente envolve uma análise minuciosa do crédito do solicitante, sua capacidade de pagamento, e a avaliação do valor do imóvel. Os termos, como a taxa de juros, o período de amortização e o valor das parcelas mensais, são definidos durante esse processo.

As taxas de juros podem ser fixas, permanecendo constantes ao longo do prazo do empréstimo, ou variáveis, ajustando-se de acordo com índices econômicos predefinidos. Além disso, é comum que os bancos e instituições financeiras ofereçam diferentes opções desse produto para atender às diversas necessidades dos clientes.

Por exemplo, algumas podem incluir um período de carência inicial, durante o qual os pagamentos são menores, enquanto outras podem permitir pagamentos adicionais para reduzir o saldo devedor mais rapidamente.

Durante o processo de solicitação, é fundamental que o solicitante forneça toda a documentação necessária, como comprovantes de renda, histórico de crédito e detalhes do imóvel. A transparência e a precisão dessas informações podem acelerar a aprovação e garantir melhores condições de financiamento.

Análise da capacidade de pagamento

Os bancos e instituições financeiras analisam diversos fatores para determinar se você pode arcar com as obrigações da hipoteca. Aqui estão alguns dos principais aspectos considerados:

  • Renda: os credores avaliam se sua renda está estável. Eles querem garantir que você tenha margem suficiente para arcar com os pagamentos da referentes.
  • Situação do imóvel: o imóvel deve estar em boas condições e estar regularizado. É importante ter os dados atualizados, como a área total do imóvel, o nome do proprietário, entre outros.
  • Dívidas existentes: seus empréstimos atuais, como cartões de crédito, financiamentos de veículos e empréstimos estudantis, seão considerados. Um nível elevado de endividamento pode dificultar a obtenção.
  • Score de crédito: sua pontuação de crédito é um indicador importante de sua saúde financeira e histórico de pagamentos. Uma pontuação mais alta geralmente resulta em melhores taxas de juros e termos mais favoráveis.

Ao avaliar esses fatores, os credores podem determinar o valor máximo que você pode assumir e as taxas de juros aplicáveis. É essencial ser honesto e fornecer informações precisas, pois qualquer discrepância pode prejudicar sua candidatura.

Documentos necessários

Para solicitar uma hipoteca, é necessário apresentar uma série de documentos essenciais para que o banco ou instituição financeira possa avaliar sua capacidade de pagamento e mitigar os riscos envolvidos. São eles:

  • Identidade: você deve fornecer documentos oficiais de identificação, como carteira de identidade, CPF, certidão de casamento (se aplicável) e comprovante de residência atualizado.
  • Comprovantes de renda: você precisará fornecer comprovantes de renda, como contracheques, extratos bancários, declaração de imposto de renda, comprovantes de recebimento de aluguéis ou outros rendimentos. Esses documentos ajudam a demonstrar sua capacidade de arcar com as parcelas mensais da garantia.
  • Patrimônio: pode ser solicitado que você apresente documentos que comprovem seu patrimônio, como extratos de investimentos, declarações de bens imóveis, veículos ou outros ativos relevantes. Isso ajuda a avaliar sua situação financeira geral.
  • Escritura do imóvel: se você estiver comprando um imóvel, será necessário apresentar a escritura pública ou o contrato de compra e venda. Se for um imóvel já existente, você precisará fornecer a escritura ou matrícula atualizada.

É importante reunir todos os documentos necessários com antecedência, pois isso agilizará o processo de análise e aprovação da sua solicitação. Lembre-se de que os requisitos específicos podem variar conforme o banco ou instituição financeira, portanto, é recomendável consultar previamente sobre a documentação exigida.

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Quais são os tipos de hipoteca?

O mercado de hipotecas oferece diversas modalidades para atender às necessidades variadas dos consumidores. As principais disponíveis, são:

  • Hipoteca convencional a mais comum, contrato pelo qual o proprietário de um imóvel oferece o bem como garantia de pagamento de uma dívida. Caso o devedor não cumpra com suas obrigações, o credor tem o direito de executá-la, ou seja, vender o imóvel para satisfazer o crédito. Ela deve ser formalizada por meio de um contrato escrito e registrada no Cartório de Registro de Imóveis competente para ter validade e eficácia contra terceiros.
  • Hipoteca Legal é aquela que a lei impõe para proteger interesses de determinadas pessoas. A principal característica dessa opção é que ela dispensa a necessidade de um acordo entre as partes e ocorre automaticamente em virtude da lei.
  • Hipoteca Judicial surge de uma decisão do poder judiciário. Ela é estabelecida em casos de litígios judiciais, onde uma das partes deseja garantir o cumprimento de uma sentença ou decisão judicial. Por exemplo, se uma dívida é reconhecida em um processo judicial e o devedor possui bens imóveis, o credor pode requerer a hipoteca judicial desses bens para assegurar o pagamento da dívida. É formalizada por meio de uma ordem judicial e deve ser registrada no cartório de registro de imóveis para ter validade contra terceiros.

Envolve quais custos?

Obter uma hipoteca envolve diversos custos além do valor principal do empréstimo. É importante entender todos os custos associados para planejar adequadamente e evitar surpresas desagradáveis. Aqui estão alguns dos principais custos envolvidos:

  • Taxas bancárias: várias taxas podem ser cobradas pelos bancos, como taxa de avaliação, taxa de abertura de processo, taxa de registro e outras. Estas taxas podem variar consideravelmente entre instituições financeiras.
  • Seguros: geralmente, é obrigatório ter um seguro de imóveis para proteger a propriedade contra danos. Alguns bancos também exigem um seguro de vida para cobrir o saldo remanescente em caso de falecimento do mutuário.
  • Outros custos: outros custos podem incluir honorários advocatícios, taxas de condomínio (se aplicável), custos de mudança e possíveis reformas ou reparos na nova propriedade. É aconselhável orçar esses custos adicionais.

Compreender todos os custos envolvidos na obtenção é crucial para decidir informada e garantir que você possa arcar com os pagamentos mensais e demais encargos associados à compra do imóvel.

Vale a pena ter uma hipoteca?

A principal vantagem é o prazo mais longo para quitação, que pode chegar a 30 anos ou mais. Isso permite que os compradores tenham parcelas mais baixas e administráveis dentro de seu orçamento mensal. Outra vantagem é a valorização do imóvel hipotecado, aumentando assim o patrimônio do proprietário.

Já as desvantagens e riscos envolvem assumir uma dívida de longo prazo e o risco de inadimplência. Se você perder sua fonte de renda ou enfrentar dificuldades financeiras, pode não conseguir honrar os pagamentos. Nesse caso, você arrisca ter o imóvel executado e o banco ou a instituição financeira pode tomar posse do imóvel para quitar a dívida pendente. Portanto, é essencial avaliar cuidadosamente sua capacidade de pagamento antes de assumir essa modalidade de crédito.

Como escolher a melhor opção?

Encontrar a certa é crucial para garantir que você esteja tomando a decisão financeira mais vantajosa. Veja algumas dicas para ajudá-lo a considerar suas opções:

  • Pesquise várias instituições financeiras: Não se limite a uma única instituição. Compare as taxas, prazos e condições oferecidas por diferentes bancos, cooperativas de crédito e outras instituições financeiras. Essa pesquisa abrangente pode revelar oportunidades mais favoráveis.
  • Compare taxas de juros e custos: As taxas de juros são um fator crucial, pois determinam o custo total ao longo do tempo. No entanto, também preste atenção a outras taxas e custos, como taxas de abertura, avaliação da propriedade, seguro e impostos.
  • Considere os prazos de pagamento: Os prazos de pagamento mais longos geralmente resultam em parcelas mensais mais baixas, mas você pagará mais juros no total. Prazos mais curtos têm parcelas mais altas, mas você economizará em juros. Analise seu orçamento e escolha o prazo que melhor se adapta às suas necessidades.
  • Avalie os seguros obrigatórios: Muitas delas exigem que você contrate um seguro de vida ou de propriedade. Compare as opções de seguro oferecidas pelas instituições financeiras e também pesquise opções externas para encontrar a melhor cobertura e preço.
  • Leia atentamente os termos e condições: Certifique-se de entender completamente os termos e condições, incluindo cláusulas de penalidade por pagamento antecipado, requisitos de reavaliação e quaisquer outras condições que possam afetar sua situação financeira.

Lembre-se de que é um compromisso de longo prazo, então dedique tempo suficiente para avaliar todas as opções disponíveis. Não tenha medo de fazer perguntas e buscar esclarecimentos junto às instituições financeiras. Escolher a opção certa pode economizar muito dinheiro no longo prazo.

Diferença entre hipoteca e alienação fiduciária

A hipoteca e a alienação fiduciária são duas formas de garantir o cumprimento de uma obrigação, geralmente ligada a um empréstimo ou financiamento, utilizando um bem imóvel como garantia. No entanto, existem diferenças significativas entre as duas que impactam tanto o devedor quanto o credor.

Essa modalidade de crédito é um direito real de garantia onde o imóvel permanece na posse do devedor, mas é gravado com um ônus em favor do credor. Em caso de inadimplência, o credor pode executá-la, levando o imóvel para satisfazer a dívida. O processo de execução hipotecária é tipicamente mais demorado e envolve etapas judiciais complexas, o que pode representar um risco maior para o credor.

Já a alienação fiduciária, transfere a propriedade do imóvel ao credor fiduciário, enquanto o devedor permanece com a posse direta e o direito de uso do bem. Em caso de inadimplência, a execução da garantia é mais ágil e menos burocrática, pois a propriedade já está registrada em nome do credor fiduciário.

O devedor tem um prazo para regularizar a situação, mas se não o fizer, o credor pode consolidar a propriedade em seu nome e vender o imóvel para quitar a dívida, sendo responsável por devolver ao devedor eventual saldo remanescente após a venda.

Essas diferenças tornam a alienação fiduciária uma opção mais atrativa para instituições financeiras, devido à maior segurança e rapidez no processo de recuperação do crédito. Por outro lado, a hipoteca pode ser mais interessante para o devedor, pois oferece um prazo maior para resolver eventuais problemas financeiros antes da perda do imóvel.

Dúvidas Comuns

Se eu não conseguir pagar as prestações?

Se você enfrentar dificuldades financeiras e não puder pagar as prestações, é importante entrar em contato com o banco imediatamente. Eles podem oferecer opções, como renegociação do empréstimo, plano de pagamento ou até mesmo uma extensão temporária. No entanto, se você continuar inadimplente, o banco pode iniciar o processo de execução hipotecária, o que pode resultar na perda da propriedade.

Posso pagar a hipoteca antecipadamente?

A maioria dos contratos de hipoteca permite o pagamento antecipado, total ou parcial, do saldo devedor. No entanto, pode haver taxas ou penalidades associadas a esse processo. Verifique os termos do seu contrato e consulte o banco para obter mais informações.

Como funciona o seguro hipotecário?

O seguro hipotecário é uma proteção obrigatória que cobre o banco em caso de inadimplência do mutuário. Ele é geralmente exigido quando o valor do empréstimo excede um determinado percentual do valor da propriedade. O prêmio do seguro é pago mensalmente com a prestação da hipoteca.

Posso transferir a hipoteca para outra pessoa?

Sim, é possível transferir para outra pessoa, como um comprador ou herdeiro. No entanto, essa transferência está sujeita à aprovação do banco e pode envolver custos adicionais. O novo mutuário precisará atender aos requisitos de crédito e renda estabelecidos pelo banco.

O que é a taxa de juros e como ela é determinada?

A taxa de juros é o custo que você paga pelo empréstimo hipotecário. Ela é determinada por vários fatores, como a política monetária do banco central, o risco de crédito do mutuário, o prazo do empréstimo e as condições do mercado imobiliário. As taxas podem ser fixas ou variáveis, dependendo do tipo de hipoteca.

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Conclusão

Como vimos, a hipoteca tem tipos específicos e possui alguns requisitos para ser solicitada e aprovada por uma instituição financeira. É uma prática comum para consolidar dívidas, realizar reformas ou outras necessidades financeiras.

A escolha daquela mais adequada depende de fatores como a estabilidade financeira do solicitante, expectativas futuras de renda e planos de longo prazo. É aconselhável consultar um consultor financeiro ou especialista para tomar uma decisão informada e evitar surpresas no futuro.

Em resumo, a hipoteca é uma ferramenta financeira poderosa, mas que requer planejamento cuidadoso e responsabilidade para evitar riscos de inadimplência e perda do imóvel. E para gerir não só essa, mas todos os eventuais serviços financeiros que contrata, é importante que você tenha um eficiente controle financeiro.

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