Empresas familiares não estão preparadas para fazer sucessão

29.07.2024
9 minutos de leitura
Desafios na Sucessão: empresas familiares e a falta de preparação

Muitas empresas familiares enfrentam desafios na sucessão, devido à falta de planejamento e preparo. Sem uma transição estruturada, a continuidade e o sucesso do negócio podem ser comprometidos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas do Brasil têm perfil familiar. Elas empregam 75% da mão de obra nacional e são responsáveis por 65% do PIB. Os números evidenciam a importância desse tipo de negócio para a economia do país, mas há desafios que podem impedir a longevidade.

Dados do Banco Mundial revelam que apenas 30% das empresas familiares chegam à terceira geração e apenas metade delas (15%) sobrevive. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) explica que um negócio familiar pode incluir diversos membros da família, seja na parte administrativa, como acionistas ou membros da diretoria, não sendo necessário que todos trabalhem como gestores ou funcionários.

Quando o limite entre a esfera familiar e profissional não é bem delimitado, os conflitos mal gerenciados podem se estender para o ambiente de trabalho, conforme informa o Sebrae. Discussões sobre decisões estratégicas e disputa sobre lideranças criam um ambiente não tão favorável aos negócios.

Pesquisa da prestadora de serviços de consultoria tributária e societária, PwC, apontou que apenas 16% dos empresários brasileiros nunca tiveram uma discordância na companhia familiar.

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Herdeiros devem estar preparados para a sucessão

Para manter a perpetuação de uma empresa sem gerar desgastes familiares, é preciso pensar no planejamento sucessório com antecedência. Sem ele, disputas entre os membros do núcleo familiar e o despreparo de futuros gestores são desafios mais suscetíveis a aparecerem.

Segundo o Sebrae, é importante avaliar a formação e a experiência dos membros que irão gerir o negócio, verificando o alinhamento com o cargo e com a responsabilidade que será assumida na empresa.

Caso o parente não apresente as competências necessárias, ele deve investir na sua profissionalização e realizar um teste de carreira rápido para descobrir a sua vocação. Contratar pessoas de fora do núcleo familiar também pode auxiliar na gestão.

Neste caso, o Sebrae recomenda que a família se concentre na gestão estratégica do negócio da empresa e faça parte, por exemplo, do Conselho Administrativo, enquanto a gestão cotidiana se torne responsabilidade dos profissionais contratados.

Administrar uma empresa pode ser desafiador e uma formação de nível superior será determinante para a condução dos negócios. Investir em um curso de administração traz embasamento para a solução de problemas complexos e a tomada de decisões mais técnicas e corretas.

Resiliência à mudança gera desvantagem competitiva

A diferença geracional pode contribuir para a diversidade de visões sobre a gestão e os negócios, o que tende a ser um aspecto positivo. No entanto, nas empresas familiares também é capaz de propiciar conflitos. Gestões mais conservadoras podem apresentar resistência às novas tecnologias e optar por práticas e processos antigos, desconfiando da segurança das inovações.

O Sebrae alerta que a valorização da tradição não deve ser confundida com a resistência à mudança, pois ocasiona desvantagem competitiva frente à concorrência, que reúne empresas mais tecnológicas e inovadoras.

A passagem de bastão é influenciada pelas expectativas entre sucessores e sucedidos que, muitas vezes, sentem a pressão para manter um legado familiar. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) alerta que os espaços de liderança e sucessão precisam ser construídos tendo como base a diferença entre a expectativa de quem está saindo e a de quem está chegando.

Vantagens da sucessão familiar

Apesar dos desafios para o sucesso de uma empresa familiar, outras características desse tipo de negócio são vantajosas. O vínculo emocional pode se traduzir em resiliência durante tempos difíceis e comprometimento com os objetivos da organização.

O Sebrae destaca que as empresas familiares desenvolvem uma cultura organizacional única e criam um ambiente mais acolhedor, ao misturar valores familiares com práticas de negócios.

As linhas de comunicação mais curtas também facilitam a velocidade na tomada de decisões e permitem que as empresas reajam às mudanças no mercado e implementem estratégias ágeis.

Conclusão

A sucessão em empresas familiares, longe de ser um evento distante, é uma realidade que exige planejamento e preparação. Herdeiros sem a devida qualificação e resistência a mudanças podem comprometer o futuro desses negócios.

No entanto, quando bem conduzida, a sucessão familiar traz inúmeros benefícios, como a preservação do patrimônio, a continuidade da cultura organizacional e o fortalecimento dos laços familiares.

É fundamental que as empresas familiares compreendam a importância de iniciar esse processo de forma proativa, buscando o apoio de profissionais especializados e investindo no desenvolvimento dos futuros líderes. Afinal, a sucessão não é apenas uma transição de poder, mas uma oportunidade de garantir a perenidade e o crescimento do negócio.

Sem um plano de sucessão bem definido, as empresas correm o risco de enfrentar conflitos internos, perda de conhecimento estratégico e, em casos mais graves, a própria falência. A profissionalização da gestão e a busca por orientação externa, como consultorias especializadas, podem ser passos valiosos para assegurar que a empresa continue prosperando através das gerações.

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