No último ano, o faturamento do e-commerce brasileiro foi de R$ 185,7 bilhões, de acordo com os dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O valor representa um crescimento de mais de 10% comparado a 2022. Os segmentos que se destacaram foram eletroeletrônicos, eletrônicos, telefonia, casa e decoração e moda e acessórios.
A projeção para 2024 é que os ganhos sejam ainda maiores e alcancem a marca de R$ 204 bilhões, com um ticket médio de R$ 500. O número de compradores virtuais deve ultrapassar os 90 milhões, conforme da ABComm. Apesar da expansão acelerada, o setor ainda enfrenta desafios.
Entre os principais obstáculos para aproveitar as perspectivas promissoras desse modelo de negócio está a dificuldade de acesso em algumas regiões do país, conforme informações da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), em parceria com a Subsecretaria de Ambiente de Negócios e Competitividade (SANC) e o Ministério da Economia.
Os entraves para realizar entregas em zonas rurais, regiões com dificuldades de acesso, favelas e localidades sem CEP podem impactar a expansão do setor. O modelo de transporte rodoviário é o mais adotado, porém as limitações e restrições influenciam no preço final do pedido, acarretando valores altos de frete.
Golpes na internet causam desconfiança nos consumidores
Entre os desafios enfrentados pelo comércio digital também estão os golpes, que aumentam a desconfiança dos consumidores, como informa o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Investir em tecnologias de pagamento seguro e disponibilizar no site informações como nome da empresa, endereço, CNPJ e feedback dos clientes são medidas que devem ser adotadas pelas lojas para mostrar ao consumidor o bom funcionamento.
A Serasa Experian, datatech líder em soluções de inteligência para análise de riscos e oportunidades, revela que, só no final de 2023, foram mais de 837 mil tentativas de fraude no país. Por isso, a preocupação com esse tipo de crime cresceu para 58% entre as empresas, em 12 meses. No caso das grandes organizações, 68% declaram estar mais atentas sobre o assunto.
A situação também causa receio dos consumidores. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), três em cada dez pessoas no país já foram vítimas de algum tipo de golpe. Mas é possível reforçar a segurança a partir de medidas como não clicar em links desconhecidos, dar preferência às compras em empresas onde já foi feito negócio e reforçar os cuidados com senhas e cartões.
Entre as estratégias para evitar fraudes na internet, a Serasa indica, ainda, conferir os dados comerciais da empresa e checar selos de segurança e certificação digital. Endereços de sites de comércio eletrônico devem sempre começar com “https”, e não “http”.
Avaliar a qualidade de comunicação, como erros de português e fotos de má qualidade, e usar dispositivos seguros, evitando computadores de outras pessoas e redes públicas de Wi-fi, também reduzem as chances de o consumidor ser vítima de fraudes on-line.
Exclusão digital cria barreiras de acesso
Levantamento realizado em 2023, pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), indica que as principais opções de pagamento digital oferecidas pelas empresas no varejo on-line são o cartão de crédito à vista (100%), o Pix (85%) e o cartão de crédito parcelado (85%).
Em compras feitas pelo computador, o cartão de crédito parcelado é a preferência do consumidor. Já naquelas realizadas pelo celular, o Pix se consolida como o meio de pagamento mais utilizado. A digitalização dos métodos de pagamento traz praticidade ao cliente, mas essa realidade ainda não alcança todo o país.
São mais de 36 milhões de pessoas offline no Brasil e, nas áreas rurais, o índice chega a 53,3%. Os dados são da TIC Domicílios, divulgada em 2023 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) e evidenciam que o comércio digital ainda não é acessível para todos.
E-commerce cresceu, mas a concorrência também
Em 2023, o número de lojas virtuais aumentou 17% quando comparado ao ano anterior, chegando a mais de 1,9 milhão. O resultado da pesquisa “Perfil do E-Commerce Brasileiro”, realizada pela BigDataCorp, demonstra que o cenário é favorável para o crescimento dos negócios on-line.
Com o surgimento de novas empresas, a concorrência se intensifica. Para se manterem competitivas, elas precisam mostrar o diferencial para o público-alvo e desenvolverem estratégias para se posicionarem nos mecanismos de busca, como investir em marketing e SEO.
Segundo o Sebrae, um dos problemas mais comuns de navegação são os sites e aplicativos pesados que, muitas vezes, demoram para carregar ou apresentam erros, influenciando na desistência da compra. O comércio eletrônico precisa ser acessível, com plataformas que apresentem boa usabilidade e favoreçam a experiência do usuário.
Assim, as empresas de e-commerce precisam não só manter a qualidade dos seus produtos e serviços, mas também inovar constantemente e proporcionar experiências diferenciadas para se destacar e fidelizar os clientes.