Saúde Mental no Trabalho: Conheça Burnout, Burn On e Boreout e Saiba Como Prevenir

Descubra as diferenças entre burnout, burn on e boreout, seus sintomas e impactos no trabalho. Saiba como identificar, tratar e prevenir essas síndromes para garantir saúde mental e produtividade.

26.05.2025
7 minutos de leitura
Como Prevenir Burnout, Burn On e Boreout no Trabalho

A saúde mental tem se consolidado como uma das principais preocupações entre os brasileiros, especialmente no que tange ao ambiente do trabalho.

No país, estima-se que 95% dos profissionais consideram o bem-estar tão importante quanto o salário, o que evidencia a necessidade urgente de debatermos essa temática de forma mais ampla e estratégica.

Fatores como sobrecarga de demandas, a pressão constante por resultados e realidades empresariais pouco acolhedoras e com baixa remuneração contribuem significativamente para a elevação dos índices de estresse e ansiedade entre os trabalhadores.

Uma pesquisa realizada em 2022 pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo revelou que 1 a cada 5 profissionais de grandes corporações sofre de esgotamento, um dado alarmante que reforça a gravidade da situação.

Esse cenário não afeta apenas a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também gera prejuízos para as empresas, como o aumento do absenteísmo (faltas excessivas) e a queda de produtividade.

Assim, é fundamental compreender as diversas manifestações do adoecimento mental associadas ao trabalho. Entre as mais comuns, destaca-se o burnout e suas variações.

Continue a leitura para conhecer melhor cada síndrome, suas particularidades e as estratégias para prevenção!

Ilustração

O que é Burnout?

O conceito de Burnout foi introduzido na década de 1970 pelo psicanalista Herbert Freudenberger, com objetivo de nomear o esgotamento físico e mental vivenciado pelos trabalhadores da área da saúde.

Hoje, os sintomas associados ao Burnout estão presentes em diversas áreas e profissões. As pesquisas sobre o tema, por sua vez, reúnem diferentes campos de estudo, com uma abordagem multidisciplinar.

Uma dessas investigações, conhecida como Inventário de Burnout de Maslach (MBI), identificou que a síndrome é composta por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal.

A exaustão emocional corresponde à sensação de esgotamento físico e mental. A despersonalização refere-se a reações negativas ou de distanciamento em relação às pessoas do ambiente de trabalho. Já a diminuição da realização pessoal está associada a sentimentos de incompetência e à percepção de perda de produtividade.

No Brasil, cerca de 30% das pessoas ocupadas sofrem com a síndrome de Burnout, conforme dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Devido à sua proporção, o burnout foi incluído na lista de doenças ocupacionais, reconhecida pela Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde.

Sintomas do Burnout

A síndrome de Burnout é definida por uma série de sintomas físicos e psicológicos. Veja os principais:

  • Dores de cabeça frequente
  • Cansaço intenso (físico e mental)
  • Mudanças no apetite (perder a fome ou comer muito de repente)
  • Isolamento social
  • Distúrbios do sono (insônia ou sono excessivo)
  • Alteração nos batimentos cardíacos (taquicardia)
  • Pressão alta
  • Dores no corpo mesmo sem atividade física recente
  • Variações repentinas de humor
  • Sensação de fracasso e desesperança
  • Sentir que não está dando conta ou que tudo está difícil
  • Produtividade no trabalho ou estudos caindo
  • Falhas na memória
  • Estresse elevado e irritabilidade com colegas e familiares
  • Problemas gastrointestinais

Esses sintomas geralmente começam de forma leve e vão piorando com o tempo, fazendo com que muitos profissionais pensem que é algo passageiro. No entanto, é muito importante procurar ajuda médica ao perceber esses sinais combinados, pois podem indicar a Síndrome de Burnout.

O que é Burn On?

O conceito de Burn On surgiu mais recentemente, ampliando as discussões sobre a síndrome de burnout. Embora ambos compartilhem sintomas como exaustão, desmotivação e sofrimento emocional, o Burn On se distingue por ser uma condição crônica, funcionando como uma espécie de depressão disfarçada.

Segundo os criadores do termo, o psiquiatra Timo Schiele e o psicoterapeuta Dr. Bert te Wildt, quem convive com o burnon segue sendo produtivo e dedicado ao trabalho, mas, por dentro, enfrenta um esgotamento profundo, que muitas vezes é negado ou invisibilizado.

Esse estado é comum em profissionais sem horário fixo e em ambientes que exigem alta produtividade e disponibilidade. Jornadas longas, excesso de horas extras e dificuldade para se desligar do trabalho contribuem para o desenvolvimento do Burn On.

Esse quadro revela como a cultura contemporânea, focada no desempenho e na alta performance, pode transformar o próprio trabalho em um fator de adoecimento.

Muitas vezes, a pessoa não percebe ou não admite que está vivendo um processo de desgaste, causado pela dificuldade de estabelecer limites saudáveis entre a vida profissional e pessoal.

Sintomas do Burn On

Assim como o Burnout, os sintomas podem aparecer no corpo, mas geralmente se refletem mais no bem-estar emocional e mental. Confira alguns sinais comuns:

  • Sentimentos de culpa e vergonha
  • Perfeccionismo nas demandas do trabalho
  • Dificuldade em conciliar vida privada e profissional
  • Negligência de necessidades pessoais
  • Realização de tarefas de modo automático
  • Perda da criatividade
  • Vazio interior
  • Sensação de que nunca faz o suficiente
  • Falta de concentração
  • Dificuldade em dizer “não” no ambiente profissional
  • Exaustão emocional constante

O Burn On pode causar ansiedade e depressão crônica, problemas para dormir e, no caso de continuar sem cuidados, burnout.

O que é Boreout?

Enquanto o Burnout acontece por causa do excesso de tarefas e cobranças, o Boreout aparece justamente pela falta de estímulos e desafios no trabalho. O termo foi criado em 2007 por dois consultores suíços para descrever um estado de cansaço emocional e físico causado pela rotina repetitiva, pela ausência de atividades interessantes e pela falta de motivação no dia a dia profissional.

Inicialmente, o Boreout estava ligado a funções monótonas, como nas linhas de produção, ou a cargos onde as pessoas se sentem desvalorizadas, pouco reconhecidas ou fazendo algo que não faz sentido para elas.

Esse cenário gera tédio, falta de ânimo e frustração, que podem afetar não só a saúde mental, mas também o bem-estar e a produtividade. Além disso, com o tempo, pode prejudicar a confiança e o crescimento na carreira, já que a pessoa passa a se sentir cada vez mais desconectada do próprio trabalho.

Sintomas do Boreout

O Boreout, ao contrário da Síndrome de Burnout, não é classificado como uma doença. Seus sintomas, portanto, estão mais relacionados à vivência profissional, expressando-se principalmente através de:

  • Distanciamento das atividades do trabalho
  • Desinteresse pelo ambiente corporativo
  • Irritabilidade e mau-humor frequente
  • Angústia recorrente
  • Falta de perspectiva ou motivação para o crescimento profissional
  • Esses sinais indicam a necessidade de atenção às condições de trabalho para evitar a desmotivação e a insatisfação profissional.

Veja também: Como os empreendedores podem melhorar sua saúde e produtividade?

Tratamento

O tratamento dessas três condições precisa levar em conta as diferenças entre elas, mas o objetivo é sempre o mesmo: ajudar a pessoa a recuperar o equilíbrio emocional, se sentir bem e ter mais qualidade de vida no trabalho e fora dele.

Burnout

Quem está vivendo um quadro de Burnout precisa, antes de tudo, desacelerar. O esgotamento é tão grande que o corpo e a mente pedem socorro. Algumas atitudes importantes nesse processo são:

  • Praticar atividades físicas para liberar o estresse e melhorar o humor.
  • Fazer terapia, que ajuda a entender os gatilhos, lidar com as emoções e encontrar novos caminhos.
  • Reduzir a carga de trabalho e reorganizar as tarefas, para evitar a sobrecarga.
  • Em alguns casos, contar com acompanhamento médico, que pode indicar medicamentos como antidepressivos ou ansiolíticos, dependendo da gravidade.
  • Buscar momentos de lazer e descanso.

Burn On

No caso do Burn On, o problema é um pouco diferente: a pessoa está sempre ligada no modo “alta performance”, mas por dentro vai se desgastando aos poucos. O tratamento passa por:

  • Fazer terapia, para ajudar a perceber quando é hora de dizer “não” e estabelecer limites saudáveis.
  • Aprender técnicas para gerenciar o estresse.
  • Investir em autocuidado: dormir bem, ter uma alimentação equilibrada, praticar esportes e relaxar.
  • Separar um tempinho na agenda para fazer o que gosta, como hobbies, encontros com amigos, passeios...
  • Repensar a relação com o trabalho, entendendo que produtividade não é tudo e que o descanso é fundamental.

Boreout

Já o Boreout é o extremo oposto: aqui, o problema não é excesso, mas a falta de motivação. O dia a dia vira um tédio só. O que pode ajudar nesses casos:

  • Buscar novas tarefas que sejam mais interessantes e desafiadoras.
  • Investir em cursos e aprendizados que estimulem o crescimento e tragam novas perspectivas.
  • Tentar identificar o que está causando insatisfação, tanto no trabalho quanto fora dele. E, se for o caso, buscar apoio terapêutico.
  • Conversar com a liderança, expondo o que está incomodando e buscando soluções em conjunto.


No fim das contas, em todos esses quadros, o mais importante é lembrar que ninguém precisa lidar com isso sozinho. Procurar ajuda profissional e falar sobre o que está sentindo são passos essenciais para virar esse jogo e reconquistar o bem-estar.

Como as empresas podem prevenir Burnout, Burn On e Boreout?

Não dá mais para ignorar: cuidar da saúde mental dos colaboradores é uma necessidade. Criar um ambiente saudável, estimulante e equilibrado é o caminho. Aqui vão algumas estratégias importantes:

  • Oferecer uma boa carteira de benefícios, incluindo plano de saúde e programas de bem-estar físico e mental.
  • Estimular o crescimento profissional, com planos de carreira, feedbacks e reconhecimento.
  • Investir em cursos e treinamentos, mantendo a equipe motivada e em constante desenvolvimento.
  • Estabelecer prazos realistas, evitando sobrecarga e estresse desnecessário.
  • Incentivar pausas e momentos de desconexão, promovendo o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
  • Promover uma cultura de diálogo, com canais abertos para escuta e acolhimento.
  • Flexibilizar rotinas, sempre que possível, para reduzir o estresse e aumentar a satisfação.

Com o apoio de lideranças atentas e do profissional de Recursos Humanos, essas ações ajudam a prevenir o desgaste emocional, promovendo um ambiente mais saudável, engajado e produtivo.

Conclusão

Cuidar da saúde mental no ambiente de trabalho é fundamental para prevenir o desgaste emocional e evitar síndromes como Burnout, Burn On e Boreout.

Promover um ambiente equilibrado, com espaço para o desenvolvimento, qualidade de vida e diálogo, beneficia não só os colaboradores, mas também a produtividade e a sustentabilidade da empresa a longo prazo.

Ilustração

Feedback

Gostou ou foi útil este conteúdo?